O LIVRO

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  • Última modificação do post:3 de junho de 2023
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Hoje fui deixar a mulher no trabalho. É sábado e como todo servidor público concursado, ou quase todos, também não trabalho nos sábados e por isso pude levar ela à sua senzala. Ela provavelmente preferiria ficar em casa, dormir até tarde e tomar um café sem se preocupar se teremos o dinheiro para pagar ou não o gás de cozinha que logo deve acabar.

Deixo-a e decido passar no horto, olhar na cara do Padim Ciço e voltar. Para quem se preocupa com o valor do botijão também deveria estar preocupado com a gasolina gasta “inutilmente”, mas para mim esse é um investimento em minha saúde mental.

A vida não é fácil e todos nós precisamos de algum tipo de ópio para esquecermos momentaneamente as constantes mazelas que nos aflige.

Quando passo na Praça Padre Cícero vejo uma feirinha de livros.

Tenho comprado pouquíssimos livros ultimamente e lido menos ainda, mesmo assim, não consigo resistir, dou a volta na praça, procuro um lugar a salvo dos comensais da Zona Azul, estaciono minha moto velha e vou dar uma olhada nas obras.

Livros usados.

Ao menos penso que eram, afinal poucos estavam no plástico, ou talvez seja uma tática para que os transeuntes possam folhear as edições e se sintam encorajados a comprar.

Confesso que fiquei tentado a comprar um gibi que à primeira vista era de putaria, mas ao passar algumas páginas vi que era apenas um momento de sacanagem consensual na estória.

Não comprei.

Na verdade, não sou fã de estórias eróticas, mesmo sabendo que o gibi não se tratava disso propriamente, mas também não tenho o hábito de ler gibis ou HQs, se você preferir.

E o preço?

Talvez seja isso que me faça sempre pensar duas ou três vezes antes de comprar uma obra em uma feirinha como essa ou em uma biblioteca tradicional. E a razão é simples: a Amazon. Na Amazon os preços são ridiculamente baixos e constantemente há promoções que jogam os preços ainda mais no chão.

E isso não é bom?

Não tenho mais tanta certeza disso.

Os preços na feirinha começavam a partir dos R$25,00. Praticamente meia diária minha.

O que aconteceu com aqueles livros bons de R$10,00? Onde eles estão? Não os vejo mais por aí.

Talvez os livros da feirinha não estejam tão caros. Talvez seja eu que receba pouco mesmo. Talvez a vida tenha ficado demasiada cara nesses últimos tempos.

Enfim, se está ruim para mim, imagine para o livreiro que tem que concorrer com a Amazon. Pensando bem, talvez volte lá mais tarde e compre algum livro. Ou talvez fique em casa e me contente com os livros que já tenho e ainda nem li.

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