Trilogia Deuses De Dois Mundos, A Trilogia dos Orixás

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  • Última modificação do post:8 de setembro de 2023
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Deuses De Dois Mundos ou simplesmete DDDM, é uma trilogia de livros de autoria do jornalista PJ Pereira, que conta a história de guerreiros africanos, em um mundo diferente, que vão tentar salvar o destino, e de New um jornalista que vai lhes ajudar de alguma maneira de São Paulo.

A TRILOGIA DOS ORIXÁS

Uma vez vi uma entrevista do autor de Deuses De Dois Mundos tentando explicar do que se tratava sua obra indagando algo mais ou menos assim para a repórter: imagine se o Google simplesmente parasse de funcionar do dia para a noite, como seria a nossa vida?

Na hora pensei “usaria o Bing oras”, mas após ler a trilogia finalmente entendi o que ele queira dizer, agora eu que faço a pergunta a você, caro leitor, imagine se do nada a internet parasse de funcionar?

Imaginou o pandemônio? Pois é mais ou menos disso que trata o primeiro livro da trilogia Deuses De Dois Mundos: o livro do silêncio.

Em um mundo diferente, na terra dos Iorubas, as pessoas dependem dos conselhos e bênçãos dos orixás e para se comunicarem com esses seres divinos os adivinhos são os porta-vozes e pontes de praticamente todas as questões e respostas.

Se seu filho ficou doente, pergunte a um adivinho e ele lhe dirá que oferenda fazer para ter a cura alcançada. Se você vai plantar uma lavoura e quer ter certeza que ela será produtiva, fale com um adivinho e ele lhe dirá qual oferenda fazer para que isso se torne realidade.

Quer um bom casamento para sua filha? Quer descobrir quem roubou sua casa? Quer se tornar uma boa cozinheira? Fale com um adivinho e ele lhe dirá que oferenda você deve fazer para alcançar as graças dos orixás.

Porém um dia Orunmilá, o maior adivinho de todos os tempos, não encontra uma resposta em seus búzios, não importa quantas vezes ele os jogue na mesa, os orixás não respondem a ele, nem a mais ninguém. O motivo, os Odus, príncipes do destino, foram raptados pelas Ya Mi Oxorangá e cabe a Orunmilá reunir um grupo de guerreiros para resgatá-los.

DEUSES DE DOIS MUNDOS: O LIVRO DO SILÊNCIO

Deuses De Dois Mundos (DDDM): O Livro do Silêncio abre a trilogia e nos mostra como vai ser a coisa. A história divide-se em dois núcleos que se alternam capítulo a capítulo.

No primeiro núcleo que já introduzi a ideia principal no tópico anterior. Os príncipes do destino foram raptados pelas antagonistas da história, as bruxas Ya Mi Oxorongá, que querem tomar as rédeas do destino para si próprias.

Orunmilá e seu ajudante Exu (o famoso Exu), a mando dos orixás vão atrás de sete guerreiros para resgatar os Edus que ao lado de Ifá revelavam o destino aos babalaôs (adivinhos).

Porém eles precisam se apressar, pois caso não consigam resgatar a tempo os Edus o destino estará para sempre nas mãos das “bruxas”.

Já no segundo Núcleo conhecemos New, um jornalista com uma sobrancelha branca que vai ajudar o grupo de guerreiros.

Porém New vive em nossa São Paulo contemporânea, isto é, de 1997. Então como ele vai ajudar guerreiros africanos que vivem no mundo dos Iorubas? Bem… aí você vai precisar ler para descobrir.

Aqui é bom que eu diga, esse livro é meio fraco sozinho. Na verdade ele é uma grande introdução para o segundo livro. Como o próprio autor revela no prefácio, o primeiro e o segundo DDDM deveriam ser um único livro, mas não diz o porquê de terem sido lançados como livros separados.

Em todo caso, o fato é que apesar do primeiro livro ter suas trezentas e poucas páginas, a fonte usada é maior que o normal, lembrando o tamanho de letra usado nos livros dedicados às bibliotecas escolares.

Não que isso seja um real problema, adorei ler um livro com letras um pouco mais graúdas. Entretanto isso foi claramente uma decisão editorial para dar um volume extra de forma artificial ao livro.

DEUSES DE DOIS MUNDOS: O LIVRO DA TRAIÇÃO

DDDM: O Livro Da Traição continua com o mesmo esquema do primeiro livro, com dois núcleos distintos, mas com uma ligação entre si.

No primeiro núcleo, temos a continuação direta da história do primeiro livro dos guerreiros africanos em busca dos príncipes do destino, é nesse livro também que temos o desfecho da história.

Agora com todos os guerreiros reunidos os desafios são conviverem entre si e ainda cumprirem sua tarefa.

Apesar de ser a continuação direta do livro anterior, o desenvolvimento dos personagens é muito melhor realizado neste livro.

Uma coisa curiosa que vemos no desenrolar da trama é a dificuldade de manter todos os guerreiros unidos, pois todos eles são grandiosos ao seu modo e essa grandiosidade individual tende a se incomodar com as dos parceiros.

Lembrou-me um pouco o futebol. Geralmente em um time tem-se um ou dois grandes craques e o demais têm papeis de coadjuvantes. Porém quando vários desses craques são reunidos em um time único, como a seleção brasileira, leva-se um bom tempo até eles terem um bom desempenho.

Já no segundo núcleo, New tem uma mudança radical na sua história. Descobrimos que ele está envolvido com uma seita religiosa que mistura vários conceitos místico-filosóficos das mais diversas religiões e que esta seita tem ligação com as antagonistas do núcleo Africano do livro.

Na verdade, a história mudou tanto que deu certo desconforto no início. Lembrando que o primeiro livro é uma grande introdução para o segundo, mas no primeiro quase não havia indícios do que aconteceria no segundo (no núcleo do New).

Claro que um rumo inesperado é quase sempre mais positivo do que negativo e este é o caso de #DDDM: O Livro Da Traição.

DEUSES DE DOIS MUNDOS: O LIVRO DA MORTE

O terceiro livro da trilogia Deuses Dois Mundos: O Livro Da Morte é certamente o mais bem resolvido dos três. Uma das prováveis causas é próprio amadurecimento do PJ Pereira como autor de romances (livros).

No prefácio o autor comenta que o livro foi pensado para que funcionasse de forma independente das obras anteriores e isso até funciona em certa parte, porém em minha opinião sua experiência só será completa, caso já tenha lido #DDDM: O Livro Do Silêncio e #DDDM: O Livro Da Traição.

Isso porque em muitos momentos são citados ou referenciados acontecimentos e personagens dos livros anteriores. E quanto às personagens, alguns deles têm importâncias diferentes no decorrer da trilogia. Então para saber o real valor de um ou outro será necessário a leitura da obra completa.

Quanto à história em si, mantêm-se a segmentação em dois núcleos principais, o primeiro contanto uma aventura em um mundo africano e no segundo acompanhamos New um jornalista brasileiro que reside em São Paulo.

Do lado africano da história temos agora uma nova aventura que se passa totalmente no Orum (o mundo dos espíritos).

Já no nosso mundo, a história de New começa 10 anos após os acontecimentos do #DDDM 1 e 2, agora ele não é mais um jornalista, mas continua no mundo das noticias, no geral, encobrindo safadezas de grandes corporações por meio dos serviços prestados da empresa a qual é sócio junto a Pilar, a grande antagonista desse lado da história.

No geral Deuses De Dois Mundos: O Livro Da Morte é bem melhor que os antecessores (mais um motivo para não lê-lo primeiro), não é perfeito, entretanto todos os problemas são pequenos em comparação a grandiosidade do conjunto da obra que é a Trilogia Deuses De Dois Mundos.

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