1984 foi lançado há décadas, mas parece que foi lançado hoje.
1984 de George Orwell Breve Resumo
Winston trabalha para o Ministério da Verdade, que é responsável por alterar a história de maneira que o Partido esteja sempre certo.
Não importa a declaração feita pelo governo, Winston e seus companheiros de trabalho irão garantir que a história esteja sempre a seu favor. Seja reescrevendo livros, alterando informações em jornais antigos etc, o Partido estará sempre certo.
Porém nosso personagem principal tem um problema. Ele odeia o Partido e o Grande Irmão (the Big Brother).
Certo dia ele leva para sua deprimente casa um caderno com folhas em branco. Comprado no mercado negro, esse é um dos seus segredos.
Mesmo em sua casa poucos recantos lhe dão alguma privacidade, pois tudo é visto e ouvido pela Tele Tela, um aparelho que passa 24h por dia a programação do governo, incluindo os 2 Minutos de Ódio, programa no qual a população é incitada a odiar os inimigos do Estado e amar o Partido e, acima de tudo, ao Grande Irmão.
Winston abre seu caderno, agora seu diário, em um canto escondido da Tele Tela. Só em pensar em escrever algo que vá contra os princípios do governo totalitarista em que ele vive pode ser motivo para ser preso, espancado, mandado para a prisão ou campos de serviços forçados ou, se der sorte, morto.
Afinal é para isso que serve a Polícia do Pensamento.
Só de pensar em ser preso e ser torturado pelo Ministério do Amor causa-lhe tremores. Ele desiste de sua empreitada. Ou pensa que desiste. Sua mão e caneta parecem agirem involuntariamente enquanto ele preenche a folha com:
Abaixo o Grande Irmão! Abaixo o Grande Irmão! Abaixo o Grande Irmão! Abaixo o Grande Irmão! Abaixo o Grande Irmão! Abaixo o Grande Irmão! Abaixo o Grande Irmão! Abaixo o Grande Irmão! Abaixo o Grande Irmão!
Ele sabe que agora está condenado.
Unboxing
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Um Livro Que Se Destaca
Esse tópico é dedicado a você irmão amante e colecionador de livros.
Todos Por Uma Biblioteca Abarrotada de Livros.
Naijar Tahan
Nessa maravilhosa edição de 1984 produzida pela Companhia das Letras vemos que a grandiosidade da obra de Orwell recebeu um corpo físico à sua altura.
O trabalho feito pela editora está de parabéns.
Quem dera todos os livros recebessem o carinho e a atenção que este livro recebeu.
Começamos pelo exterior. A desenho da capa feito por Kiko Farkas pode não ser muito chamativo, mas sua sobriedade está no exato tom da história, com o nome do autor e título do livro em vermelho sangue enquanto repousam sobre um fundo azul melancólico. Tudo isso em uma capa dura recoberta com tecido.
No seu interior temos folhas off white (amarelas), como todo bom livro deve ser. E estas estão costuradas de forma que não há risco de você quebrar sua lombada ao abrir o livro.
Com o livro fechado temos um desenho de um olho pintado do lado das folhas.
E desde de as primeiras folhas temos várias artes que ilustram o sentimento sóbrio do livro.
E aí começa o texto. Traduzido habilmente por Heloisa Jahn e Alexandre Hubner. Aliás, o texto traz várias notas de rodapé que explicam várias coisas interessantes que passariam desapercebidas sem elas.
A história acaba, mas não a nossa diversão, pois em seguida vem o trabalho adicional. Começamos com várias capas lançadas ao redor do mundo. Todas coloridas. E para finalizar, temos várias críticas literárias feitas por profissionais no decorrer dos anos que lhe darão uma visão mais profunda do poder e da influência que 1984 causou e causa no mundo.
Em suma, um livro que sua estante implora para ter.
Nova Fala
A palavra tem poder.
Diversos
Você já ouviu algo do tipo? Provavelmente. A palavra tem poder, seja ela falada ou escrita, não há dúvidas quanto a isso.
Uma palavra bem-dita e na ocasião correta pode alterar a perspectiva que as pessoas têm de você. Já um comentário maldoso, pode mais cedo ou mais tarde, lhe tirar a paz, vide os constantes cancelamentos de personalidades na internet.
Mas e quando você não sabe as palavras certas para expressar o que sente?
Simples, você não se expressa.
Talvez isso já até tenha acontecido com você, comigo acontece direto.
Na falta de palavras que expressem com perfeição o que sinto, acabo falando coisas que não eram bem o que queria dizer, não é incomum o sentido sair totalmente diferente daquilo que tinha originalmente imaginado.
Agora imagine se houvesse um desejo empírico do governo em matar as palavras de nosso vocabulário. No que isso poderia resultar? E quais palavras esse governo iria querer matar?
George Orwell era bem preocupado com isso em vida e traduziu essa preocupação para seu livro. Na história vemos que a intensão do governo é que as pessoas não tenham se quer a capacidade de pensar algo ruim contra o Partido e para isso eles criaram a Nova Fala.
Entretanto essa não é uma decisão que muda tudo do dia para noite. Na verdade, é um projeto de longo prazo, com data marcada para sua completa realização. 2050.
Tempo suficiente para adestrar a população a essa nova língua mais pobre. Tempo também necessário para mudar todos os registros existentes para o novo padrão de língua.
E no final do processo é como se nunca houvesse existido outra forma de se expressar.
Ministério Da Verdade
Dentre todos os ministérios que vemos em 1984 o que mais me impressionou foi justamente o Ministério da Verdade, onde nosso protagonista trabalha.
Esse é o ministério encarregado de contar a história que o Partido quer. Alterando datas, notícias, livros e todo relato histórico possível.
Fiquei impressionado com a força e como isso é tão similar ao que alguns fanáticos pregam hoje em dia. A total reescrita da história para satisfazer o ego de lunáticos.
A história é documentada e analisada por gente séria e altamente capacitada. Muitas vezes ela é simplificada para que seja possível seu aprendizado de forma mais fácil pelos alunos e ainda assim é uma tarefa árdua, tanto para os professores, quanto para os alunos, quanto para os historiadores.
A história, assim como nas ciências, pode ser averiguada por dezenas de provas. E não tenha dúvidas, para cada artigo produzido relatando uma nova descoberta, houve uma miríade de outros historiadores averiguando e caçando incoerências ou mesmo erros.
E é assim que a história se torna mais sólida, com a colaboração e o questionamento de dezenas, centenas ou até mesmo, milhares de pesquisadores.
Quando se muda a história por um mero capricho ou por que ela não convém a A ou B, comete-se um crime não apenas às pessoas envolvidas no relato, mas contra toda humanidade.
A história documentada é o pilar do desenvolvimento da humanidade moderna. Por meio do registro de erros e acertos no passado construímos o nosso presente e vamos construir o nosso futuro.
Caso Roma não tivesse destruído a história de diversas civilizações que conquistou, e que só recentemente estamos descobrindo o pouco que restou, talvez hoje já possuíssemos carros voadores.
Ou quem sabe algo melhor, um governo que funcionasse.
Eric Arthur Blair – O Autor De 1984
Eric Arthur Blair nasceu em Motihari, na Índia Britânica no ano de 1903, próximo ao Nepal. Filho de Richard Walmesley Blair e Ida Mabel Limouzin-Blair e irmão de caçula de Marjorie e Avril.
Apesar de ter nascido na Índia, não há muito o que se falar sobre sua vida ali, já que com apenas um ano de idade sua família mudou-se para Inglaterra.
Já na Inglaterra ele passou a estudar na Escola de São Cipriano, que ele odiava. Para variar, tinha notas ruins e devido a essas notas não conseguiu fazer faculdade.
Após sair da escola passou em um concurso, em 7º lugar dos 27 disponíveis, e entrou para Polícia Imperial Indiana.
Após alguns anos ele decide demitir-se da polícia para então virar um escritor, nascia aí George Orwell.
Suas obras estão intimamente relacionadas as suas vivências em Londres e Paris, locais onde morou. Nesse período ele conheceu a vida na pobreza e teve suas economias roubadas em uma hospedaria.
Teve que fazer o que pode para sobreviver, inclusive lavar pratos. Escreveu muita coisa para simplesmente ganhar um troco. Coisas como artigos de jornais e alguns romances, destes últimos, poucos sobreviveram.
Na Espanha participou do Partido Operário de Unificação Marxista, como recompensa ganhou uma bala no pescoço que quase lhe tirou a vida, perdendo quase que por completo a voz.
Essas experiências resultaram em muitos romances que retratavam suas vivências e suas ideologias políticas.
Podemos ver o produto de suas ideologias e vivências em toda sua obra, mas especialmente nos seus dois últimos e mais famosos romances, Animal Farm (A revolução Dos Bichos) e em Nineteen Eighty-Four (1984).
George Orwell morreu jovem, aos 46 anos, acometido por tuberculose, em Londres no ano de 1950. Em sua lápide não há qualquer referência ao seu pseudônimo.
Romances de George Orwell
Durante sua vida Orwell escreveu dezenas de textos, mas romances foram apenas 6:
- Dias Na Birmânia
- A Filha Do Reverendo
- Mantenha O Sistema
- Um Pouco De Ar, Por Favor!
- A Revolução Dos Bichos
- 1984
1984 Na Atualidade
Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é o melhor livro que li no ano (2020) até então e, sinceramente, estou achando difícil ler outro tão impactante quanto ele.
Achei que Jurassic Park tiraria seu título, mas a obra de Michael Crichton não chega nem perto disso. Na verdade, fiquei até um tanto desapontado com o livro que originou o meu filme predileto.
Já a obra de Orwell me cativou os miolos e me fez pensar sobre a nossa vida. Essa é uma obra que não vou esquecer nem tão cedo.
Dizem que 1984 é um livro profético. E de certa forma é.
Infelizmente muito das atitudes do Partido para manter a população adestrada são usadas diariamente hoje em dia. Por exemplo, um dos requisitos para que os partidários fossem bons partidários, era aceitar qualquer incoerência ou mentira como verdade.
Se hoje o partido lhe convidasse para um churrasco amanhã e no dia seguinte mudasse de ideia e proferisse que nunca tinha marcado churrasco nenhum, os partidários aceitavam essa como sendo a verdade absoluta e perseguiriam aqueles questionassem a mudança de discurso. Afinal nunca houve um convite para churrasco algum.
Ou então se o Partido inventasse que era possível estocar vento. Os partidários produziriam explicações para que isso fosse possível, mesmo sendo impossível.
E quanto as pessoas não terem vocabulário? Um povo ignorante é o melhor gado possível.
E cultura vazia para que as pessoas continuem vazias? Esse era para ser o lema do Brasil.
Felizmente há pessoas que já perceberam o objetivo do Partido, que no nosso caso muda de nome e de cara de tempos em tempos, e são a linha de frente na devesa da razão e da liberdade. E seja qual for o espectro político que façam parte, devemos nossa gratidão a eles.
Meu Muito Obrigado
Se você chegou até esse ponto deste artigo, tenho apenas essas últimas palavrinhas. Meu muito obrigado.
Produzir conteúdo para internet é uma verdadeira batalha, e produzir um artigo longo como este é um verdadeiro parto. Saber que alguém o leu todo é algo que traz satisfação. Ainda mais falando de livros.
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Mais uma vez, obrigado pelo seu tempo. Nos vemos em um próximo artigo.